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Gastronomia não é somente a arte de fazer e consumir iguarias.. mas é também compreender os sentimentos e transportá-los ao paladar...

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Sorvete. Quem é que não gosta?

Apesar de estar friozinho aqui no interior de São Paulo, quando saio às ruas me deparo sempre com alguém tomando sorvete. Ás vezes questiono em oculto: mas está frio para tomar sorvete. Mas será que precisaria estar calor para ingerirmos algo tão bom? Então pensei que a próxima postagem do Blog seria sobre o sorvete, já que foi um dos temas do meu trabalho de conclusão de curso, o qual tive a honra de pesquisar sobre essa “delícia” gastronômica.
Não se sabe ao certo a origem do sorvete. Há indícios que já se tinha o hábito de consumir bebidas geladas e aromatizadas entre os persas e os egípcios. Consta também que os romanos eram adeptos do consumo bebidas geladas, em especial Júlio César. Ornellas faz referência a Galeno, no livro A alimentação através dos tempos (2000, p. 77), aos romanos, sobre uma preparação chamada “melea”, algo parecido ao creme de leite endurecido pelo frio do inverno que podia ser transportado mais facilmente e durava mais tempo, sendo talvez o precursor do sorvete.
Pela sua difícil manipulação, antigamente o sorvete era apenas privilégio para os ricos e nobres. Mas não se sabe realmente de onde surgiu. Calcula-se que há mais de três mil anos os chineses faziam uma mistura de neve com sucos de frutas. Registros revelam que Alexandre, o Grande, no século IV a.C, era adepto à sobremesas geladas e preocupava-se em encher covas de neve que eram misturadas com frutas e mel. O imperador Nero, no ano de 62 d.C em seus grandes banquetes gostava de servir aos convidados frutas trituradas, mel e neve.
Acredita-se que o sorvete tenha originado da China e sido levado pelos árabes para o Ocidente. O termo utilizado pelos árabes que se referia a uma bebida gelada, conhecida pelos italianos pelo nome de “Granita”, chamava-se sherbet ou chorbat, passando a ser chamado de sorbetto pelos italianos e sorvete no Brasil.
Relata-se também que Marco Pólo, explorador italiano, trouxe do Oriente para Veneza a primeira receita de sorvete, preparada de acordo com as técnicas chinesas de congelamento. Essa receita repercutiu fora da Itália apenas no ano de 1533 quando Catarina de Médicis, noiva de Dom Henrique II, mudou-se para França, levando sua comitiva de cozinheiros, doceiros e sorveteiros. Entre inúmeros pratos servidos em seu casamento, estava o sorvete, já então adicionado leite, sendo descoberto pela corte francesa e mais tarde o sorvete ficou conhecido em outros países da Europa.
Segundo Angelo Sabatino Perrela em História da Confeitaria no Mundo, sorvete que conhecemos hoje com leite teve origem em Florença por volta do século XVI com auxílio de melhoramentos tornando-se uma estrutura mais fina e cremosa. Foi em Florença também o surgimento da primeira máquina a fazer sorvetes, inventada por Procópio Coltteli, tratava-se de um recipiente metálico com uma espátula e sua função era misturar a massa, posta em um balde de madeira forrado de palha, sal e salitre para conter o gelo. Em 1660 surge em Paris a primeira sorveteria comanda por Procópio, chamada Café Procope. Depois surgiu o Café Napolitano, aberto por Tortoni, responsável pela criação da cassata e tortas napolitanas. Encontrava-se na Europa mais de mil e setecentas receitas quando o sorvete foi levado para os Estados Unidos no ano de 1744. A partir de 1900 várias descobertas científicas foram aplicadas na fabricação de sorvete, contribuindo assim para a expansão do produto pelo mundo, entre elas a forma de refrigeração que manteria suas propriedades por muito mais tempo, perdendo a rusticidade dos sorvetes conhecidos pelos italianos que ainda são famosos e responsáveis em termos de sabor e cremosidade.
No Brasil o sorvete passou a ser conhecido no ano de 1834, quando o navio norte-americano Madagascar aportou no Rio de Janeiro, com 217 toneladas de gelo e dois comerciantes adquiriram a carga e começaram a fabricar sucos e sorvetes artesanais com frutas nativas utilizando o nome de “gelados”.
Um doce que, com o passar do tempo houve modificações. Os primeiros tipos de sorvetes eram feitos com gelo e logo mais veio o aparecimento do leite nas receitas, transformando-o num doce mais macio. No final do século XVIII os chefs utilizavam gemas e caldas de açúcar para seus sorvetes e outras criações congeladas, as quais eram itens muito utilizados em banquetes e jantares de bom tom.

Espero que tenha edificado um pouquinho à vocês leitores e até a próxima!
Camila Bastos, formada em gastronomia.

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