Acreditamos que:

Gastronomia não é somente a arte de fazer e consumir iguarias.. mas é também compreender os sentimentos e transportá-los ao paladar...

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Quanto mais picante, melhor!

A Capsicum contém muita vitamina A(boa para a pele, mucosa, dentes); e quatro vezes mais que laranja a C(anti-infecção, cicatrizante). Antioxidante, adia a velhice. Tem Flavonoide, previne câncer. A capsaicina, seu princípio ativo, fortalece a imunidade, tal como a piperina da piperáceas - família da pimenta-do-reino. Previne reumatismo, doenças cardiovasculares. Ajuda a regular a pressão.

Estimula a circulação no estômago: bom para a digestão. Combate enxaqueca, gripe, inflamações. Cicatrizante. Mas atenção: falamos do uso frequente, não de passar no local, nem comer em caso de crise hemorroidal (e nisso a do-reino preta é "a perigosa").

Acelera o metabolismo, eleva temperatura. Você queima mais calorias, o que emagrece. E quanto mais ardida, mais capsaicina ela tem.

Mas como medir a ardência? Você sabia que um farmacólogo americano criou um método que responde a essa questão? E que a pimenta exerce importante papel no reino espiritual? Veremos na terceira e última parte, em janeiro de 2011.

Fonte: www.almanaquebrasil.com - ano 12 - n 140 - Dezembro -2010

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Jatobá


Jatobá (Foto: DoDesign-s)Nome do Produto em Português, nome do produto na língua local e em qualquer dialeto relevante
Jatobá
Outros nomes populares: jatobá-açu, jatobeiro, jatobá-do-campo, jataí-de-piauí, jatobá-de-casca-fina, jatobá-de-vaqueiro, jatobai, jatobá-do-cerrado, jatobá-da-mata, Katepó, Yawra 
Nome Científico: Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne (jatobá-do-cerrado) eHymenaea courbaril L. (jatobá-da-mata)
Categoria: Fruta 
Breve Descrição:
São espécies da família Fabaceae de porte arbóreo, que ocorrem no Bioma Cerrado, com incidência também em área de transição entre o Cerrado e a Caatinga, Amazônia, Pantanal e Mata Atlântica. O jatobá-do-cerrado ocorre no cerrado e cerradão, e o jatobá-da-mata ocorre no cerradão, matas ciliares e florestas estacionais decíduas e semidecíduas. As árvores adultas (acima de 8 anos) e sem sofrer efeitos de queimada, produzem em média até 50 kg de fruto bruto por safra, com produção anual no período de Julho a Setembro, tempo de seca no Cerrado.  
Os frutos de ambas as espécies são vagens escuras que apresentam uma polpa farinácea amarelo-pálida ou esverdeada, adocicada, muito saborosa e com odor bastante característico. Cada fruto produz em média 4 sementes, e a polpa é a parte aproveitada como alimento, na forma de farinha, podendo ser consumida in naturaou para a elaboração de bolos, pães, biscoitos e mingaus.
Para a extração da farinha do jatobá, são selecionados os frutos maduros, sadios e sem broca na casca. A seguir, quebra-se a casca com martelo, retira-se manualmente a polpa com auxílio de uma pequena faca. Após, passa em uma peneira fina, obtendo-se a farinha, que deve ser seca e embalada para manter sua conservação.

Área tradicional de produção, detalhes sobre a origem do produto e ligação com grupos locais:
Tradicionalmente a polpa do jatobá, principalmente na forma de farinha, é alimento usado em diversas preparações. O jatobá é muito importante para vários povos indígenas do Parque Indígena do Xingu (PIX), sendo um recurso presente nas florestas da região central do Mato Grosso. Para a etnia indígena Ikpeng é uma árvore com muitos usos, sendo considerada a "dona" das capoeiras (um tipo de vegetação secundária que se regenera em sucessão ao corte da mata original - no caso do do PIX as capoeiras se formam principalmente nas roças abandonadas). Trata-se de um alimento tradicional, mas que infelizmente está sendo pouco utilizado pelas gerações mais jovens.
Na língua Ikpeng, chama-se Katepó ou Yawra, alimento importante antigamente, quando os guerreiros realizavam grandes deslocamentos pelas matas, ou quando estavam longe de suas roças. No PIX a farinha é produzida durante a safra que ocorre nos meses de seca, entre agosto/setembro. Não demanda recursos para o seu beneficiamento e também não necessita de refrigeração para a sua conservação. Os frutos caem ao chão, o que facilita a coleta pelas famílias.
A forma de consumo mais apreciada pelos Ikpeng é misturando a farinha com mel, transformando-a numa pasta bastante adocicada. Ao adicionar água, transforma-se num mingau que é também bastante apreciado. Antigamente, em épocas de falta de mandioca, a farinha de jatobá era utilizada para a preparação de um tipo de beiju, onde a massa era misturada em água e torrada no prato de barro. Comia-se com peixe assado.
Por suas características nutricionais, a farinha de jatobá é um alimento nutricionalmente relevante, contendo proteína, vitaminas, cálcio e potássio. Em alguns casos pode-se assumir que ela chega a substituir a farinha de milho, alimento estratégico para a comunidades indígenas do Xingu.
O jatobá é também alimento típico de diversos animais silvestres e uma das frutas prediletas de inúmeras espécies de macacos. Os macacos são os principais guardiões desta fruta, pois ao se alimentarem, quebram sua casca dura, roem a polpa e a semente escarificada é dispersada no solo.
O Cerrado, bioma brasileiro em que o jatobazeiro é mais abundante, tem sofrido um acelerado processo de fragmentação, devido a expansão urbana e da agropecuária, especialmente as monoculturas de soja, milho, Pinus, eucalipto e a bovinocultura extensiva. Além disso, a madeira do jatobá produz um excelente carvão vegetal e madeira para cobertura de casas, e tem sido explorado de forma predatória, além de estar submetido a queimadas anuais sem controle, diminuindo em muito o número de árvores nativas no Cerrado e contribuindo para sua extinção.

O produto é tradicional da área de produção?
Sim. É nativo do Cerrado e de outros Biomas do Brasil 

O produto está sendo comercializado atualmente?
Na AGROTEC a produção se dá a partir de 11 famílias de agricultores parceiros associados, com trabalho e produção coletiva, numa área de 125 ha, sendo 96 ha (76%) preservados com a vegetação nativa original do Cerrado e a área restante de 29 ha, com cultivo orgânico de grãos, oleaginosas e forrageiras, destinadas à alimentação complementar dos animais silvestres.
No CEPPEC a produção se dá a partir de 10  famílias de agricultores familiares assentados da comunidade de Boa Esperança, diretamente envolvidas no manejo e beneficiamento da farinha. Inúmeras famílias na região (parceiras do CEPPEC) têm feito uso do jatobá na alimentação e na comercialização local.
Em ambos os casos (AGROTEC e CEPPEC), a comercialização no mercado local e estadual é realizado em sorveterias, padarias e confeitarias, lojas de Economia Solidária, e feiras  de produtores. No nível nacional os produtos são comercializados pela Central do Cerrado, cooperativa que ambos são membros.
No Parque do Xingu cerca de 19 famílias estão envolvidas, em duas aldeias. A coleta do jatobá é realizada em organização familiar, e para a comercialização de produtos as mulheres estão organizadas no Grupo das Coletoras de Sementes Florestais - Yarang. É este grupo que está realizando a coleta de sementes para o projeto de restauração florestal da Campanha Y' Ikatu Xingu. Também está em processo de construção a "Cooperativa Técnica Mista Indígena do Xingu - CTMIX." Trata-se de um novo formato para a realização de atividades de consultorias técnicas ambientais e produção de produtos agroextrativistas do Parque do Xingu.

Qual o volume de produção e comercialização?
No Parque do Xingu ainda não foi realizado um inventário produtivo para a farinha de jatobá, mas por se tratar de um recurso importante na região, onde vários povos indígenas utilizam para a sua alimentação, espera-se alcançar uma escala de produção que atenda às demandas para desenvolver projetos de comércio justo e sustentável.
No CEPPEC, incluindo o Corredor do Extrativismo no Território da Reforma, a estimativa de produção é de 10toneladas de frutos por ano, que resultam em 7 toneladas de farinha de jatobá por ano, havendo grande variabilidade de ano para ano.
Na AGROTEC a produção estimada de farinha de jatobá é em torno de 150 quilos anuais, podendo aumentar conforme a demanda.

Fonte: Slow Food Brasil - http://www.slowfoodbrasil.com/content/view/440/69/